
O que é Berlim se não uma própria indefinição?
Não que me faltem palavras – ao contrário – sobrariam.
Uma cidade anfitriã à sensibilidade daqueles que são passageiros. Que flertam com o que não é definitivo.
Um local onde os porquês não se explicam, se fazem sentir.
O que é Berlim se não uma cidade além de qualquer descrição?
Sua própria história tem diferentes versadores, becos e lacunas. Quem sou eu para contá-la?
Tentar explicar Berlim é um labirinto de sabotagens.
Berlim tem a ver com sentidos. Sua beleza é mais que artística, é poética.
Se Berlim pudesse falar, talvez ficasse calada. Em seu silêncio, já o comunica suficiente.
Pois,
O que é Berlim se não a própria vida após a morte?
Uma eterna reconstrução. Berlim tem no silêncio de suas ruínas um grito de independência.
É um manifesto sombrio de luz e autorreflexão – coração e alma da própria história.
Talvez, entre idas e vindas, a alma de Berlim acostumou-se a ser livre e, entre poucos momentos, eu pude tocá-la.
(Marcelo Penteado)