sigoescrevendo

Um manifesto de palavras sob a regência de cada momento.



Berlim, 2013

O que é Berlim se não uma própria indefinição?

Não que me faltem palavras – ao contrário – sobrariam.

Uma cidade anfitriã à sensibilidade daqueles que são passageiros. Que flertam com o que não é definitivo.

Um local onde os porquês não se explicam, se fazem sentir.

O que é Berlim se não uma cidade além de qualquer descrição?

Sua própria história tem diferentes versadores, becos e lacunas. Quem sou eu para contá-la?

Tentar explicar Berlim é um labirinto de sabotagens.

Berlim tem a ver com sentidos. Sua beleza é mais que artística, é poética.

Se Berlim pudesse falar, talvez ficasse calada. Em seu silêncio, já o comunica suficiente.

Pois,

O que é Berlim se não a própria vida após a morte?

Uma eterna reconstrução. Berlim tem no silêncio de suas ruínas um grito de independência.

É um manifesto sombrio de luz e autorreflexão – coração e alma da própria história.

Talvez, entre idas e vindas, a alma de Berlim acostumou-se a ser livre e, entre poucos momentos, eu pude tocá-la.

(Marcelo Penteado)


Uma resposta para “Berlim”

  1. Leio seu texto. Berlim. A que lembranças esse texto remete? Algumas. Lembrança é sempre “rotulada”: boa ou doída. Sua percepção desta cidade é uma poesia. Seu texto é leve. Faz com que tenhamos vontade de estar em Berlim. Viver Berlim. Vc deve ter se deparado com incríveis grafites: “Berlim tem a ver com sentidos. Sua beleza é mais que artística, é poética.” Mas, como todos os tempos, momentos, não são só de flores, lá está o Vinícius de Moraes a falar de uma Berlim que só conhecemos pela História:

    A Berlim

    Vós os vereis surgir da aurora mansa
    Firmes na marcha e uníssonos no brado
    Os heróicos demônios da vingança
    Que vos perseguem desde Stalingrado.

    As mãos queimadas do fuzil candente
    As vestes podres de granizo e lama
    Vós os vereis surgir subitamente
    Aos heróicos prosélitos do Drama.

    De início mancha tateante e informe
    Crescendo às sombras da manhã exangue
    Logo o vereis se erguer, o Russo enorme
    Sob um sol rubro como um punho em sangue.

    E ao seu avanço há de ruir a Porta
    De Brandemburgo, e hão de calar os cães
    E então hás de escutar, Cidade Morta
    O silêncio das vozes alemãs.

    Rio de Janeiro, 03.02.1945

    Marcelo, mais um texto. Mais uma “poesia”. Mais um encantamento por palavras bem pontuadas. És autor pronto, como Vinícius.

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