
A vida tem uma capacidade nada delicada de nos dar verdadeiras lições. Por mais que ignoremos alguns sinais ou silenciamos algumas vozes internas, o momento sempre chega.
A mudança é inevitável. O medo não pode cegar, nem a insegurança tornar-se dominante. Na verdade, é preciso ter muita força para seguir em frente, mesmo quando a mão não tateia os próximos metros do caminho.
Às vezes, inclusive, é melhor calar a insistência das esperanças e fomentar novos sonhos. Abrir espaços. Destampar ao invés de tentar prender. Suportar as oscilações, enfrentar as incertezas e, então, ao seu tempo, moldar sua própria afirmação.
Dominar as artimanhas do desespero. Dormir com a desilusão e acordar vacinado. Olhar para trás, e superar. Reconhecer o chamado da mudança e deixar para trás o que não tem mais sentido, independente do seu valor.
Continuar apesar de tudo. Não por orgulho, nem desapreço ou por indiferença. Por nada. O único motivo para ir é não ficar. A redenção do basta.
Por entre os altos e baixos existem silêncios nada doces de serem experimentados. Manifestos de impotência, verdades tristes. Quando a dor parece ser insuportável, a vida faz questão de nos provar que temos uma força infinita. Podemos nos encarar até o final, mas seremos nós que apagaremos a luz.
Do convívio com a dor nasce o forte. Com a fragilidade que comove o que parecia ser invencível. A superação que reverte a descrença com a sabedoria que só o tempo sabe ensinar.
Podemos não saber o que a vida nos trará amanhã, é sempre uma surpresa. Podemos também não saber como lidar com tantas coisas de ontem, é sempre um desafio.
Podemos tudo, inclusive, renovar.
Deixar novos motivos tirarem os sorrisos para dançar; permitir que a curiosidade suspeite de novos ares; reaprender que, entre um tchau e o novo, há um momento bem-vindo à releitura do que é a felicidade.
(Marcelo Penteado)
11 respostas para “Velhas verdades”
Em todo processo de dor, o melhor caminho é encarar de frente. Segurar o leme do barco emergir em frente.
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Na verdade quis dizer: seguir em frente. Obrigada,
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Parabéns pelo texto! Muito inspirado!
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Bravo! muito bom..
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É isso! 😉
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Fantástico Marcelo! Sem palavras…
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Na mosca! Bravo!
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Marcelo, mais uma de várias vezes, suas palavras chegaram como resposta para tudo que venho vivendo neste momento da vida.
Obrigada. Vc inspira, faz descobrir, indica o caminho, da direção. Emociona, sacode, toca fundo.
Seus textos conseguem falar por mim, para mim, de todos e para todos. Descomplica , clareia, faz a diferença.
OBRIGADA! !!!!!!!!!!!!
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Muito bom, Marcelo!
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Leio e releio várias vezes seu inacreditável texto. As verdades que me dilaceram, são inquestionáveis. Não há o que ser alterado, modificado, acrescentado :“Quando a dor parece ser insuportável, a vida faz questão de nos provar que temos uma força infinita. Podemos nos encarar até o final, mas seremos nós que apagaremos a luz.”
Releio a minha vida. Nesse momento me deparo com o final: “entre um tchau e o novo, há um momento bem-vindo à releitura do que é a felicidade.”
Aí, não há como não lembrar de Vinícius de Moraes. Essa nobre alma que dia 19 de outubro completaria, nesta existência, 100 anos. Em toda a sua imortalidade soube falar da sua crença na alma, esta que sabe suportar a dor e é capaz de transformá-la, não importa o tempo que dure, em “releitura do que é felicidade.” Marcelo, és imortal pela sua alma, que imprime vida, que se cristaliza, que se imortaliza, nas suas produções, nos seus admiráveis textos.
Marcelo, agora, deixemos que Vinícius fale, glorificando a imortalidade da sua arte, que reflete a sua alma.
“Eu creio na alma
Nau feita para as grandes travessias
Que vaga em qualquer mar e habita em qualquer porto
Eu creio na alma imensa
A alma dos grandes mistérios
A grande alma que em vão busquei sufocar
Eu creio na alma eterna
A alma boa, a alma pura, a alma singela
A alma que possui o espaço
A alma que não possui o tempo
A grande alma sozinha
Capaz de conter toda a humanidade
Senhor! Eu creio nela
Eu creio na minha alma extraordinária
Ela era como o templo
Onde os vendilhões mercadejavam
Ela expulsou os vendilhões, Senhor!
E os pássaros cantaram.
Eu creio na alma grande
Em busca dum élan que a lance sempre
Para o eterno movimento
A alma espelho das águas
Onde o céu reflete os pássaros que voam
Eu creio em ti, Senhor
Porque és a alma que é o céu onde os pássaros voam
E que se reflete no espelho das águas
Porque és a grande alma que paira
Eu creio em mim, Senhor
Porque sou alma feita à tua semelhante
Grande alma onipotente
Que no começo era o nada
O nada – vazio das almas
O nada cheio de treva e maldição
Mas o espírito erguia-se do caos
E a treva fez-se luz
A luz cheia de átomos de vida
A luz – a grande luz que sobe sempre.”
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Belíssimo!
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