Tão rápido quanto o lamento de muitos ao ler isso. A velha desculpa que o tempo voa e quase não sobrou espaço para fazer o que gostaria de ter feito.
Ainda falta um mês para o final do ano e há quem torça para que ele termine logo. Já tem tantos planos que nem se lembra de ter feito a mesma coisa ano passado.
A cultura do planejamento esqueceu a da disciplina. É muita ideia para pouco foco. “Ano novo, vida nova”. Por que não é a vida que muda o ano primeiro?
Isso tudo como se fosse responsabilidade de janeiro mudar alguma coisa. Janeiro é só janeiro.
Pois, em cinco dias, dezembro.
Ainda falta. Como falta! Que seja de dezembro o que é de dezembro. Ainda há vida aqui.
Então, em cinco minutos, agora.
E agora?
A fonte de todo o tempo que te falta. A riqueza que não enxerga e te pertence. A oportunidade plena de mudanças.
Agora é o lugar que se faz, o tempo que se escolhe e o espaço que se cria. O resto é tendencioso.
O próximo ano não pertence ao calendário; o próximo minuto não pertence ao relógio. Nomes e números são apenas reflexos do que é feito neste instante.
Sentir-me involuntariamente convencido a esquecer do tempo e a desapegar das minhas obrigações. Sentar-se ao seu lado para nada mais que ouvir.
E ouvir.
Abstrair-me de palavras, significados e necessidade de resposta.
Queria eu protagonizar suas histórias. Imaginar cada cor, detalhe e lamento de seu passado. Encontrar-me aos olhos de um guru. Viver seus momentos de despedidas, extremas alegrias e descobertas banais.
Libertar-me pelas mãos de suas contundes orações. Aprender com seus erros, acreditar em seus sonhos. Deixar minhas emoções seguirem seus olhos. Não só parar, mas refletir. Calar a mente para escutar a alma.
Queria eu escutar mais histórias e menos verdades. A interação com um exemplo é o maior dos aprendizados. Não há lição maior de vida que ser conduzido por entre relatos de uma biografia anterior. Ao vivo, sem filtros.
Apesar do silêncio dos seus pesares. Além dos fantasmas de sua vida. Entender que muitos dos meus problemas nem problemas são. Ser convidado a refletir sobre o valor que damos ao que é inestimável. Delicadamente.
Passar horas sem a menor pressa. Esquecer do resto sem qualquer saudade. Reavaliar minha vida por entre outros olhos. Levantar-me mais vazio para seguir mais pleno.
Repensar por momentos. Cultivar novos enigmas, subir alguns degraus. Lembrar-me de coisas que jamais poderia ter esquecido e compartilhar o que tenho de melhor. Ser consequência de sua sabedoria.
Queria eu que ele dissesse – tudo aquilo que eu um dia gostaria de ouvir – e, no fim, descobrir que não há fim. Ouvir, bem baixinho, que justo mesmo é o tempo. E, como um sussurro, descobrir sua mais gritante fraqueza. O tempo leva tudo o que se tem, mas nada que se sente.
Talvez por aí, com mais sentido que sentenças, está uma estrada que eu gostaria de seguir…
Véspera de feriado é um fenômeno absolutamente curioso. Trata-se de uma crônica perfeita da vida real. Um retrato, dos mais fiéis, do estilo de vida contemporâneo.
A começar pela ansiedade. Ela é quase um bem – pessoal e intransferível.
Cada um tem sua maneira peculiar de manifestá-la. Alguns começam dias antes. Cultuando o recesso como se fosse o último gás de sua longa maratona. Esperam por ele. Ávidos.
Há quem tente manter a compostura, mas escancara sua apreensão entre as incontáveis olhadas para o relógio. Nem os ponteiros aguentam tanta agonia. Seguram-se ao máximo, até a metade do dia, geralmente.
A partir daí, rezam. Um silêncio sagrado, para que não surja nenhum tipo de imprevisto. Ao final, se tudo der certo, nem sorriem. Saem com pressa. Aliviados.
(Curioso como chegam ao trabalho felizes por saber que não terão que trabalhar nos próximos dias. Tão curioso quanto incoerente. O livre arbítrio parece até estar com a carteira assinada.). Era para ser só um parênteses.
No escritório ou no trânsito, a cabeça está em outro lugar.
Imaginando a viagem, o descanso ou seja lá o que for. Normal. O que menos se faz é estar focado no agora. Somos pescadores de distrações. Ou pescado por elas. Quer dizer… é tanta isca que até confunde.
De todas as formas, o feriado serve para fazer tudo aquilo que a semana não deixa. Um suspiro de tempo livre.
Geralmente, a culpa de tanta falta de tempo é do trabalho, da rotina, do calendário, de tudo… menos nossa. Acreditamos não ter escolhas, mesmo quando essas próprias escolhas ainda acreditam em nós.
Assim a cidade muda suas roupas. Põe suas perninhas de fora. Pessoas vão e vem. Velhos espaços são preenchidos por novidades. Novos ares, novas histórias. Bonito, muito bonito.
Uma pena! Que tamanho lampejo de euforia dependa de uma data.
Janelas ainda abertas, projetos inacabados. O sorriso sarcástico do prazo. Companhia inesquecível. Um dedo de café na xícara. Nem mais nem menos que isso. Frio. A sobra daquilo que já foi quente. Tal qual o último suspiro daquele que reflete o espelho.
Olheira sendo convidada a ficar depois do combinado. Carreatas e mais carreatas de sono chegando sem parar. Bocejos desesperados. Se eles não forem ouvidos, o cansaço falará.
A mesa escuta lamentações enquanto a parede consola. Porções de papéis envolvem o ambiente. Não se desenvolvem. Não são fluídos. Não passam de rascunhos.
Fios, carregadores e tantas outras coisas. Tampas de caneta viram passatempo. Canetas estas que, às vezes, nem mais escrevem. Pontas cansadas, quase sem tinta. Um corpo sem ânimo. Soa familiar.
A roda, que já foi a maior invenção da humanidade, limita-se a sustentar uma cadeira tão previsível. Um pouquinho para lá; um pouco para cá. Movimentos circulares que não levam a lugar nenhum.
Geralmente, sempre por perto, o ponteiro do relógio é o chicote dos novos tempos. Se perceber, inclusive, faz barulho também. A dor, no entanto, é moderna. Ansiedade, angústia, preocupação. Nada físico.
Ao alcance das mãos, está o celular. É o portal que sempre prova que há vida ativa em algum outro lugar que não o seu. Uma esperança ou um castigo?
Resultados, objetivos e metas. Muita pressão para pouco prazer. Orgulho de concluir e não de criar. Se entrarmos no campo dos valores, tudo termina em preço. Melhor terminar por aqui.
Estaria lá, ainda, talvez trilhando caminhos que não merecem a minha pegada. Teria adiado meus medos, ignorado meus sonhos e desposado meu arbítrio. Não teria pedido ajuda, nem teria perdido todas minhas certezas, ao ponto de conviver, por tempos, com o desespero.
Sair da rota de segurança tem seu preço. E como é alto. Crescemos tão habituados a luzes artificiais, que nos esquecemos da importância de iluminar nossa própria passagem.
O medo, a princípio, nos alerta sobre o perigo da escuridão. No entanto, o perigo real não está na escuridão. Está na ausência de luz – o que é diferente.
Tomar consciência desta conjuntura é igualmente arriscado. O chamado para autenticidade implica em dinamitar as correntes mais firmes. Percorrer estradas guiadas pela sua essência é sinônimo de coragem.
Fardo impartilhável.
Muitos te desanimam, inclusive facções próprias de você. O convite à consciência é uma montanha russa de sanidade. Uma sequência de testes surpresa, sem estudo, preparo ou ajuda. Por entre altos e baixos caminha aquele que quer se autoafirmar.
Não é rápido. Não é fácil. Não é bonito. Inclusive, dói muito. No entanto, depois da solidão, além do deserto das reflexões, há um vazio desobstruído – pleno de significados.
Retomada de consciência. É o que acontece quando suas ações são baseadas na sinceridade e no presente.
Responsabilidade de escolha. Trata-se de um convite ao bem-estar. Assumir as rédeas do seu destino. Agir tal qual a respiração, leve e natural.
Perceber que, o excesso de pensamentos, intoxica.
O despertar de si vai contra algumas antigas leis do mundo. Ou melhor, nada contra. O fato é que, quando ouvimos mais a nós mesmos, descobrimos que nossas verdades podem fluir como a correnteza. Naturalmente forte. Firme em seu direcionamento.
Seguir nenhum fluxo, a não ser nosso próprio. A consciência transparente se difere de uma porção de afirmações que estão soltas por aí – espalhadas pelo futuro, pelo passado ou por todas as outras coisas que tentam nos convencer que existem.
Contudo, calma. Calma. Em meio a tantas palavras, ainda resta uma confissão: ainda não sei se sei tudo isso que escrevi ou apenas acredito nisso. O que importa? Na pior das hipóteses, caminho entre a sabedoria e a crença.
Un jour, je suis parti en voyage et je ne suis jamais revenu.
Non par rébellion ou parce que j’ai décidé rester ; mais simplement parce que j’ai changé.
J’ai croisé des frontières que je n’ai jamais imaginé croiser. Pas sur une carte, ni dans la vie. Je suis allé tellement loin que regarder derrière moi, n’était pas réconfortant, ni motivant.
J’ai fait connaissance de personnes qu’on peut appeler de professeurs, et j’ai eu accès à des connaissances qu’aucun livre n’aurait pu m’apprendre. Pas parce qu’elles sont secrètes, mais parce qu’elles sont vivantes.
J’ai ajouté au dictionnaire de ma vie des nouvelles définitions pour l’éducation, la peur et le respect.
J’ai réappris la valeur de certains gestes. Comme dans enfance, la spontanéité des sourires et des regards qui fait valoir la communication plus universelle qu’existe – le langage de l’âme.
J’ai été accueilli par des personnes, des familles, des étrangers, des bancs publics. Entre les sols et les humains, tous les deux peuvent être froids ou restaurateurs.
J’ai connu des rues, des stations, des aéroports et je suis fière d’avoir des difficultés à me souvenir de leurs noms. Ma mémoire partage mon désir de vouloir me rafraîchir avec des vieux et des nouveaux airs.
J’ai fait des vrais amis. Les amis de route ne succombent ni à l’espace ni au temps. Les amis de route traversent les distances ; confrontent les années. Ceux sont des amitiés qui dépassent les étés ou les hivers, et certainement d’autres rencontres.
J’ai vécu au-delà de mon imagination. J’ai contrarié les expectatives et cumulé les richesses immatérielles. J’ai permis à mon corps et à mon esprit de s’ouvrir a d’autres expériences et d’autres consciences.
J’ai redécouvert ce qui me fascine. J’ai senti des chaleurs dans la poitrine et j’ai donné de l’espace à mon cœur pour qu’il accélère plus qu’une routine quelconque le permettrai.
Et tu veux savoir une chose ?
J’ai connu d’autres versions de la nostalgie. Comme nous, elle peut être rude. Mais je vous jure qu’elle à des faiblesses. En fait, elle peut être belle.
Avec elle, j’ai réévalué mes gestes d’amitié, j’ai respecté d’avantage certains mots et j’étais encore plus amoureux de mes amis et de ma famille.
Et, j’ai encore beaucoup à apprendre.
En vérité, ces expériences m’ont dirigé vers une certitude – que j’ai encore beaucoup d’endroits à connaître, personnes à croiser et connaissances à acquérir.
Une fois, je suis parti en voyage…
et depuis ce moment là, j’ai compris que n’importe quel voyage est un aller sans retour.