
Um outono me disse que outros virão. Quanto ao tempo, tranquilizei-me.
Foi tamanha certeza que me deu segurança para seguir incerto. Perto do longe, por um pouco mais de tempo.
Caminhei por vilas, com becos guardados de silêncio e sombra. Nada que desse mais medo que estar forrado em lãs, guardado do céu. Justamente quando não tive endereço, senti a presença de casa.
Sem nuvens, por terra, pisei sensível para me guiar sem chão. Entre pegadas e memórias, optei pelo qual podia levar comigo.
Vi o verão tirar férias em outro lugar. Sempre um prazer.
Continuei e não só meu cabelo cresceu. Quanto mais calado, mais meus pensamentos me ensinaram a hora exata de falar. Logo descobri que eram raras.
Por falar em memórias, se bem me lembro, reparei mais folhas que pedras no caminho.
Levei meses para entender que a primavera estava em meus olhos.
(Marcelo Penteado)