
– Como escolher por retratar a felicidade, no exato segundo de cada momento? –perguntou.
Coube ao olhar de Osvaldo, professor de nada, embora reconhecido mestre de assuntos serenos, resguardar-se no silêncio, para só então responder:
– Dê vida à morte.
Aprendizados, quando engravidados por metáforas, possuem uma gestação preciosa.
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Em outro momento da vida de Sandra, uma chuva levou todas as opções da tarde e fez da janela um observatório da vida. O vento que falava de tédio era frio feito vidro suado.
Uma fileira de formigas cruzava os respingos do mármore e desconfiança terceiras. Eis que a moça aproximou seu olhar ao ponto de desfocar os detalhes.
Um grande suspiro trouxe do menor dos mundos: a afirmação da existência é a própria negação da morte.
(Marcelo Penteado)