
Viajar é minha maneira de estar só.
De enxergar todo o resto como uma unidade. Uma companhia a parte. Os detalhes, suas complexidades. O olhar como um resvalo, o passo passageiro.
Estar só é o que me dá sobrevida, psicanalise da alma. As interações com a natureza, plena, externa, beleza do meu ser.
Viajar sozinho restaura déficits do sentido.
Lembro que respiro, que sei olhar e apenas olhar. Revejo muito. Mútuo. Quando me dou conta, já esqueci de pensar por um tanto. Olho, enxergo, respiro. Respiro porque preciso de ar, que por sua vez precisa de espaço.
Movimentos de expansão. Tão mais importante que pensar. Do que mais me nutro – momentos. Verdadeiros, pois, coexistimos.
(Marcelo Penteado)
Uma resposta para “Viagens e Olhares”
“(…) Solidão e multidão continuarão a serem deveres elementares do poeta do nosso tempo. Na solidão, a minha vida enriqueceu-se com a batalha da ondulação no litoral chileno. Intrigaram-me e apaixonaram-me as águas combatentes e os penhascos combatidos, a multiplicação da vida oceânica, a impecável formação dos “pássaros errantes”, o esplendor da espuma marítima.
Mas aprendi muito mais com a grande maré das vidas, com a ternura vista em milhares de olhos que me viam ao mesmo tempo. Pode esta mensagem não ser possível a todos os poetas, mas quem a tenha sentido guardá-la-á no coração, desenvolvendo-a na sua obra. É memorável e desvanecedor para o poeta ter encarnado para muitos homens, durante um minuto, a esperança. ”
Pablo Neruda, in “Confesso que Vivi”
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