
Um quinto a menos. Assim, devido a simetria numérica do equilíbrio que dança. O uísque ao gelo, a orquestra ao fundo. A canção plena, os sentidos vagos. O significado sensorial, perdido no ar.
O tempo segue, independente aos lapsos. Um passo amargo, uma memória mal tragada. Cá uma tosse. Vasta manifestação do desconforto – agudo, implícito, sentido, chorado.
Outro parágrafo. Outro momento. As cortinas abrem e a luz assusta. O incômodo recepciona, até a música reagir. Urgir. Pelo toque ao novo palco. O respiro, pois, entorpecente. Os músculos, a alma. À vontade em estar.
Mais baixo, logo enquadra-se o cenário. Pela regência, que, agora. A precisão do instante desconhece o atraso. Desnuda ao acaso. Lapida-se enquanto dilacera-se, inata ao pulsar mais vivo.
Decorre-se o que se vive. Enquanto vive, enquanto vida. O eclipse entre o sentimento e a sensação. A emoção desguarnecida, por natura, plena.
Vazia ao ensaio.
Um instante de esplendor – que somente a imprudente latência das palmas confunde ao abafar.
(Marcelo Penteado)