
Conta a história que a felicidade concedeu um sopro, enquanto seguia perseguida pelos famintos desejos do mundo.
Disse ela, em tom de socorro, que não há resposta órfã de sinônimos.
Apelou!
Ora, quando ao deleite da existência traduziu-se vida, em outros tons igualmente se aprendeu a pluralizar quaisquer significado.
Porém, tão logo todos os olhos se cegam à felicidade, única e sublime, pobre dos sentimentos que também com ela percorrem os mesmos campos: suas trilhas desmerecem o desuso.
Carente o mais nobre dos atalhos: a curiosidade. O desejo intenso de experimentar a vida. A chama que se move não para cativar, senão o oposto. Incita quando até a coragem receia. A curiosidade é a releitura mais astuta da adrenalina que conecta o desejo à conquista.
(Talvez seja uma visão das mais privilegiadas ou um descompasso precioso, quando entre encantar-se ou alcançar, se manifestam descomplexamente, feito poemas de Manoel de Barros.).
Mais um respiro – se no alcance da felicidade, justo ao ato de sua captura, poucas palavras escapulissem pelo seu ar de presa, ditos sem fio feito cânticos jurariam a validade do relato: “há mais ilusões que plenitude em mim; nua, sou a soma de muito que foi esquecido para injustamente polir-me só”.
(Marcelo Penteado)