
Gosto de viajar por ser uma experiência que, para começar, é preciso sair.
Um exercício de deixar, um exercício de se abrir. Por excesso de naturalidade, uma experiência transitória.
Viajar pressente atitude destemida.
Sensibiliza o olhar a fazer mais de uma pergunta antes de dizer o que viu. Com o tempo, ora apelidado de bagagem, fala-se mais até à nossa mente e menos pro mundo de fora.
É tão melhor permitir ao mundo nos ter algo a dizer.
A viagem entrega à vida um sentido de estar. O valor de ter existido sob diversas combinações e ter convivido com outras influências culturais, em outro tempo presente. Perceber que colecionar momentos é também um tipo de riqueza ao alcance de nossas escolhas.
Através das viagens, acréscimos. Do mais que vejo, menos falo e tanto ouço. Bagunço o que eu sinto e acesso outros entendimentos.
Diferente da maioria das experiências, sua lógica nasce diferente – da saída ao início, do momento ao recomeço. Reconstrução. A mente se reabastece de diferentes percepções apresentadas no caminho. E em cada parada também.
(Marcelo Penteado)